quinta-feira, 10 de novembro de 2011

6. Primeiro mashup

Hoje pela manhã foi capturado Nem, o chefe do tráfico no território até então inexpugnável da USP. Ele estava acompanhado de três policiais civis, um ex-PM e setenta e cinco estudantes baderneiros. Os estudantes e Nem depredaram o prédio da administração da universidade, deixando copos de cerveja e cigarros de ma.co nha largados pelo chão e chamando nosso repórter de viado numa clara demonstração de má educação. O Bope invadiu o prédio ocupado pelos criminosos enquanto todos dormiam, de modo que não houve resistência. Os baderneiros ocupavam o prédio desde Getúlio Vargas, pois suas casas foram derrubadas na primeira onda de repressão ao comunismo. Nem fornecia ma.co nha para eles, que gostavam. Além de todo o efetivo do Bope, oito milhões de policiais foram mobilizados para a operação, que também envolveu duas viaturas, três pedras, sete pistolinhas e uma chaminé. Os oitenta e poucos meliantes foram encaminhados a um restaurante por quilo no Rio de Janeiro, que explodiu, causando a morte de um cinegrafista da emissora concorrente, fato lamentável, por certo, mas com o qual não temos absolutamente nada a ver. O Secretário de Segurança do Rio de Janeiro declarou que o episódio “não é determinante, mas sim importantíssimo para a Educação Superior, pois a USP sempre foi território em que a PM não podia, não conseguia entrar, e agora está lá para toda a comunidade”. Os favelados declararam greve até que os meliantes sejam soltos e a Bolsa Família liberada.
       Fora do eixo Rio-São Paulo, as coisas vão bem. Só que eu cortei meu dedo ontem, pelo que fui convidado a acompanhar um Sargento Rodrigues até a delegacia, a prestar esclarecimentos. Declinei gentilmente o convite, razão por que fui algemado e agraciado com duas coronhadas no ombro. Aceitei então mais que gentilmente o convite. Eles me perguntaram o que eu fazia com uma faca no meio da rua; expliquei que estava cortando laranjas e fui liberado alguns minutos mais tarde, o dedo um pouco inflamado.

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